15/02/2008

Visitando Kilmainham – A Prisão mais importante da Irlanda

Gente, hoje tive um passeio com a escola – me senti no primário! Estava toda ansiosa desde ontem porque iria passear! Fomos visitar a Kilmainham Gaol, a prisão mais importante da história Irlandesa. Isso porque muitos prisioneiros de lá foram homens e mulheres que deram suas vidas pela independência da República da Irlanda.Aqui vão algumas informações sobre a prisão:

Contruída em 1796, a Kilmainham Gaol (Kilmainham Jail e em Irlandês: Príosún Chill Mhaighneann, e chamada de ‘New Gaol’ ou New Jail, ou seja, Nova Prisão) para distingüi-la das antigas prisões, as quais pretendia substituir, tem um lugar único na história Irlandesa e foi onde aqueles que lutaram contra a ocupação Inglesa na Irlanda por mais de 100 anos, foram presos e muitos executados. Hoje está desativada e é também um museu, localizado em Inchicore, em Dublin.

É um lugar sombrio, e até arrepiante, mas absolutamente fascinante.

Durante a tour pela prisão, nossa guia enfatizou bastante o contexto histórico, o que leva a compreender muito mais as forças que modelaram a nação Irlandesa.

Kilmainham Gaol: O Prédio

Há duas alas principais na Prisão, muito distintas entre si.

A Ala Leste foi aberta em 1864, durante o periodo Vitoriano de reforma de prisões e seu design é quse idêntico ao da Pentonville Prison, composta de um amplo espaço com 3 andares, cercado por corredores que dão acesso às celas. Sua arquitetura é impressionante.

A parte antiga da prisão é a Ala Oeste, que foi mantida em uso mesmo depois da poutra ala ser aberta, mas ela é composta de corredores escuros e claustrofóbicos de celas para prisioneiros aguardando execução. Existe até mesmo um corredor que dizem ser assombrado por um dos prisioneiros que se enforcou em uma das celas.

Um dos corredores leva direto ao Stonebreaker’s Yard, onde muitos foram executados. Por ser muito conhecida, a prisão foi utilizada em muitos sets de filmagem, como em “Michael Collins”, “Em nome do Pai”, “Golpe à Italiana” entre outros…

Um lugar de Mortes

Em 1803, Robert Emmet, líder de uma das rebeliões mal-sucedidas contra a Inglaterra, foi preso em Kilmainham antes de ser levado para a Thomas Street, onde ele foi enforcado e decapitado. O famoso discurso de Emmet antes de sua execução inclui as seguintes palavras:

“Quando meu País tomar seu lugar entre as nações da terra, então e não até então, deixe meu epitáfio ser escrito”.

Muitos daqueles que o seguiam, tiveram o mesmo fim.

Charles Stuart Parnell, que liderou o movimento da Reforma da Terra e agitou o domínio próprio da Irlanda, foi detido por 6 meses em 1881.

Dois anos depois, um grupo de extremistas republicanos conhecidos como “Os Invencíveis”, assasinaram o Lord Frederick Cavendish, o Secretário Inglês, e Thomas Henry Burke, seu subsecretário no Phoenix Park. Cinco deles foram enforcados em um dos pátios da prisão. As mortes mais famosas e infames de todas em Kilmainham foram a dos 14 líderes que falharam na rebelião de 1916. Eles foram executados em Maio do mesmo ano, no Stonebreaker’s Yard (Pátio utilizado para os prisioneiros quebrarem pedras para contruírem as estradas do país.)

Entre eles, estavam Padraig Pearce e sey irmão William Pearse, James Connolly, Eamon Ceannt e Sean McDermott. Agora, cruzes negras marcam o lugar onde eles foram executados.

A Rebelião na Páscoa também não foi bem sucedida e a execução dos mandantes foi um desastre para os Ingleses, porque estimulou àqueles que estavam em oposição à rebelião a se juntarem pela causa da Liberdade Irlandesa e mais tarde levou à formação do Estado Livre da Irlanda em 1921.

Kilmainham e a Guerra Civil Irlandesa

O tratado que criou o Estado Livre da Irlanda envolvia um comprometimento – liberdade para 26 condados e a retenção de 6 condados ao comando do Império Britânico, que são os condados que formam a Irlanda no Norte. Isso causou uma divisão entre os líderes do Novo Estado e os colegas que eram contra o tratado, pois queriam a liberdade dos 32 condados, resultando numa Guerra Civil Irlandesa sangrenta.

Durante a Guerra Civil, as execuções de repúblicanos que eram anti-tratado foram feitas em Kilmainham, só que desta vez o poder não estava nas mãos dos Ingleses, mas nas do Governo do Novo Estado. Dentre os condenados estavam quatro jovens homens de Dublin, que foram condenados somente por posse de armas.

Na realidade, mais pessoas foram executadas em Kilmainham durante os anos da guerra civil do que durante os 120 anos anteriores. Esses eventos criaram um legado amargo, que não está muito abaixo da superfície da Irlanda hoje em dia.

O último prisioneiro em Kilmainham foi o líder anti-tratado do IRA, Eamonn De Valera, que em seus últimos anos de vida foi Toiseach ( se pronuncia Ti Shóc) (Primeiro Ministro) e subsequentemente, Presidente da Irlanda.

Depois de o libertarem a prisão foi fechada, trancada e essencialmente deixada ao acaso pela população que odiava até mesmo a menção do nome Kilmainham e queriam esquecer sobre as injustiças, torturas e execuções com as quais era associada.

Não foi até os anos 60 que surgiram esforços para começar a preservar e restaurar a prisão. Ela foi reaberta ao público durante seu aniversário de 50 anos desde a rebelião de 1916 e hoje é um dos destinos turísticos mais populares de Dublin.

Joseph Mary Plunkett e Grace Gifford

Um dos eventos mais marcantes que já aconteceram em Kilmainham foi o casamento de Joseph Plunkett, um dos líderes da Rebelião de 1916 e Grace Gifford.

Grace era protestante, mas depois de conhecer Plunkett, decidiu conhecer a fé Católica e foi batizada em Abril de 1916. Os dois iriam casar no Domingo de Páscoa do mesmo ano, mas foi neste mesmo dia que a Rebelião começou.

Quando ela soube que seu noivo seria executado, ela persuadiu as autoridades para que ela pudesse casar na própria prisão. Portanto, dia 3 de maio de 1916 eles se casaram numa capela pequenina na prisão.

Na manhã seguinte, Joseph Plunkett foi executado por uma esquadrilha de atiradores. Grace viveu até 1955 e nunca se casou novamente. Ela mesma se tornou uma prisioneira de Kilmainham em fevereiro de 1923, durante a Guerra Civil.

Ela era uma artista e durante os três meses em que ela ficou na prisão, ela pintou imagens na sua própria cela, incluindo uma da Madonna e a Criança, que foi restaurada e mantida. A capela onde ocorreu o casamento também foi restaurada.

Enfim, o passeio é incrível e só é possível através de Tour guiado, algo comovente, mesmo para quem não é Irlandês, pela luta da Liberdade da Irlanda – NOTA 1000!

Postado por: | Comments (2)

  1. Visitei hoje, meu ingles a la tarzan nao permitiu que eu entendesse muita coisa na hora, pois entrei por acaso durante uma longa caminhada, mas é mesmo de arrepiar- tanto a historia, quando o lugar. Recomendo assistir o filmaço ” em nome do pai” antes de ir. Duca!

    Comentário by Osmar — 05/02/2012 @ 10:19 pm

  2. Olá Osmar!

    Obrigada pelo comentário e mesmo com dificuldades para entender você curtiu o passeio! Que legal! Conhecer a Kilmainham Gaol é um programa muito bom mesmo.

    Beijinhos

    Comentário by Tarsila — 10/02/2012 @ 7:56 pm

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